A Doutrina de Cristo segundo a Igreja Adventista do Sétimo Dia

A Doutrina de Cristo segundo a Igreja Adventista do Sétimo Dia



A doutrina de Cristo ocupa um papel central na teologia adventista, sendo a base da fé e da esperança cristã. A Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) compreende Jesus Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, o Messias prometido no Antigo Testamento, o Salvador do mundo e o Sumo Sacerdote no santuário celestial. Esta compreensão está fundamentada nas Escrituras e é enriquecida por interpretações teológicas tanto adventistas quanto de outras tradições cristãs.

Este estudo explorará a doutrina de Cristo segundo a IASD, abordando Sua divindade, encarnação, missão redentora, ministério no santuário celestial e retorno glorioso. Além disso, trará à luz contribuições de teólogos adventistas e não adventistas, demonstrando a coerência da fé cristã na figura de Jesus.

A Divindade de Cristo

A Igreja Adventista ensina que Cristo é plenamente divino e eterno. João 1:1 declara:

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus."

Este texto é central na doutrina adventista sobre a divindade de Cristo. Ellen G. White, principal autora adventista, afirma:

> "Cristo era Deus essencialmente e no mais alto sentido. Ele estava com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre tudo, bendito para sempre." (Evangelismo, p. 615)



O teólogo adventista Alberto R. Timm reforça essa crença ao apontar que os escritos de Ellen White são consistentes com a posição bíblica da Trindade, rejeitando qualquer visão subordinacionista que reduza a divindade de Cristo.

No campo teológico mais amplo, Millard J. Erickson, um dos principais teólogos evangélicos, também enfatiza a divindade plena de Cristo:

> "Se Cristo não fosse totalmente Deus, não poderia redimir a humanidade." (Christian Theology, p. 732)



Portanto, a doutrina adventista sobre a divindade de Cristo está solidamente fundamentada nas Escrituras e em um entendimento cristão histórico.

A Encarnação de Cristo

A encarnação de Cristo é um dos grandes mistérios da fé cristã. Em Filipenses 2:6-7, Paulo escreve:

"Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens."

A doutrina adventista ensina que Cristo assumiu a natureza humana caída, mas sem pecado. Ellen White explica:

> "Ele tomou sobre Si a natureza do homem, com a possibilidade de ceder à tentação." (O Desejado de Todas as Nações, p. 49)



Roy Adams, teólogo adventista, destaca que a encarnação de Cristo deve ser compreendida à luz do grande conflito entre o bem e o mal. Para ele, a vinda de Jesus em carne era essencial para a vitória sobre o pecado.

Já Wayne Grudem, teólogo reformado, argumenta que Cristo assumiu plena humanidade sem comprometer Sua divindade:

> "Cristo permaneceu plenamente Deus ao tornar-se plenamente homem." (Systematic Theology, p. 563)



A doutrina adventista mantém essa mesma tensão teológica: Cristo era verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

A Morte Redentora de Cristo

A IASD ensina que Cristo morreu como substituto da humanidade, pagando o preço pelo pecado e garantindo a salvação a todos os que crerem. Isaías 53:5 declara:

"Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados."

Ellen White enfatiza que a cruz revela o amor de Deus e a justiça divina:

> "Na cruz, a misericórdia e a justiça se encontram. Cristo sofreu a penalidade da lei para que os pecadores pudessem ser justificados." (O Grande Conflito, p. 489)



O teólogo adventista Hans K. LaRondelle reforça essa visão ao destacar que a morte de Cristo satisfez as exigências da lei de Deus, oferecendo reconciliação à humanidade.

Alistair McGrath, teólogo anglicano, destaca a centralidade da expiação na teologia cristã:

> "A cruz de Cristo é o coração pulsante da fé cristã. Nela encontramos a resposta para o problema do pecado." (The Christian Theology Reader, p. 385)



Assim, a doutrina adventista da expiação alinha-se com a tradição cristã histórica ao afirmar que Cristo morreu pelos pecados da humanidade.

O Ministério de Cristo no Santuário Celestial

Um dos aspectos distintivos da doutrina adventista de Cristo é Sua obra no santuário celestial. A IASD ensina que, após Sua ascensão, Cristo iniciou um ministério de intercessão no céu, conforme Hebreus 8:1-2:

"Temos um sumo sacerdote tal, que está assentado à destra do trono da Majestade nos céus, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem."

Os adventistas interpretam que, em 1844, Cristo iniciou a fase final do juízo investigativo, purificando o santuário celestial (Daniel 8:14). Ellen White descreve:

> "O juízo investigativo e a remoção do pecado devem ocorrer antes da segunda vinda de Cristo." (O Grande Conflito, p. 421)



O estudioso adventista Clifford Goldstein argumenta que essa doutrina demonstra a coerência do plano da salvação e sua consumação no juízo divino.

Fora do adventismo, John Calvin enfatizou a intercessão de Cristo, embora sem a ênfase adventista no juízo:

> "Cristo, como nosso sumo sacerdote, intercede continuamente por nós diante do Pai." (Institutas, 2.15.6)



Embora essa doutrina seja distintiva do adventismo, sua base bíblica é reconhecida por muitos estudiosos.

A Segunda Vinda de Cristo

A doutrina adventista da segunda vinda enfatiza a volta literal, visível e iminente de Cristo. Em João 14:3, Jesus prometeu:

"E quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também."

Ellen White reforça essa esperança:

> "A segunda vinda de Cristo é a bendita esperança da igreja, o grande clímax do evangelho." (O Grande Conflito, p. 299)



Os adventistas enfatizam que o retorno de Cristo será precedido por eventos proféticos, incluindo a pregação mundial do evangelho e a intensificação do grande conflito entre Cristo e Satanás.

Jürgen Moltmann, teólogo protestante, também destaca a importância da esperança escatológica:

> "O futuro de Cristo é a consumação da história da salvação." (Theology of Hope, p. 192)



Assim, a doutrina adventista da segunda vinda de Cristo mantém-se em harmonia com o ensino cristão histórico, enfatizando sua iminência e relevância para a vida dos crentes.

Conclusão

A doutrina de Cristo segundo a IASD é cristocêntrica e bíblica, enfatizando Sua divindade, encarnação, expiação, intercessão no santuário celestial e segunda vinda. Ao longo da história, teólogos adventistas e não adventistas têm contribuído para a compreensão dessa doutrina fundamental.

Para os adventistas, Cristo não é apenas o Salvador, mas também o Sumo Sacerdote e o Rei que em breve retornará. Essa crença molda a vida e a missão da igreja, chamando os fiéis a viverem em santidade e a pregarem o evangelho ao mundo.


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